“Eu não vou usar isso para nada!” - A ciência e sua valorização no ensino
- Professores Perdidos
- 27 de mar.
- 3 min de leitura

Você que tem contato com a realidade da sala de aula provavelmente já ouviu a frase “eu não vou usar isso para nada” ou “isso não faz sentido”, essas frases compõem nosso dia a dia enquanto professores. Nesse sentido, vamos aqui entender um pouco sobre qual é a valorização da ciência e o modo como nós professores estamos frente a realidade atual nas salas?
Um dos primeiros pontos necessários aqui é sobre o modo como o estudo na faculdade ou universidade é um ponto de partida. Para aqueles que estão realizando o estudo no nível superior, a dica que fica é aproveitar ao máximo, inclusive para criar materiais inovadores. A realidade daqueles que a pouco saíram é justamente de compreensão que há muito para aprender ainda e de análise das fragilidades. Por fim, aos que já estão na lida é confrontar-se com as pontas que ainda precisam ser ajustadas, a continuidade do estudo, dentre outros tantos fatores que vamos descobrindo a cada ano.
Aqui, parto do pressuposto que as ciências (juntamente com esses profissionais, que estão cada um em seu tempo) vão buscar a criticidade. As aulas são a possibilidade para criar questões, analisar fontes, realizar soluções para problemas e assim por diante. Mas como fazer isso? Existe uma receita? É possível dar conta?
Partir de questões que aproximem o momento atual dos estudantes com o que será abordado é um caminho possível para atingir essa cientificidade. Porém, você pode estar até pensando “como?”, “toda aula?” e “é impossível!”. Eu respondo que o desafio é grande e já trago o alívio que não há uma cobrança, mas uma possibilidade, da qual a pergunta pode ser inclusive “por que vamos estudar isso na escola?”, substitua por: “por que estudamos colonialismo na escola?”, “por que estudamos progressão geométrica na escola?”, “por que estudamos verbos na escola?” e podemos seguir infinitamente.
A primeira resposta dos alunos pode ser que estão estudando para a prova, o exercício vale para nós também, pois a sua resposta precisa também ir além de “porque está no currículo”. O estudar compõe sentidos, caso contrário vira protocolo e nem todo protocolo fornece as pessoas possibilidade de ir além.
As questões são uma forma, nem sempre certeiras, de realizar uma aproximação da ciência e seu valor no estudo. Evidente que é preciso lembrar também toda a dificuldade que envolve conseguir pensar em novas possiblidades ou projetá-las. Os professores são trabalhadores que tem muitos alunos, podemos chegar a mais de 300, 400, 500 e por vai. Dessa maneira, são inúmeros trabalhos e provas para corrigir, junto a planejamento de aula, produção de prova, dar a aula e ainda estudar, pensar em novos projetos, etc.
Precisamos encontrar uma linha tênue entre nossos propósitos, remuneração, lutas diárias para estarmos onde estamos, pois nossa profissão precisa ser valorizada. Os estudantes, responsáveis, nós, ou melhor, a sociedade precisa compreender o valor da profissão professor, pois ela instiga a ciência. A ciência é para alguns desde o humanismo, outros desde a antiguidade clássica o fator primordial para o ser humano, pois faz o papel de analisar justamente quem somos e o modo como somos.
Na visão de muitos aqui, e na minha também, a ciência vai contribuir para a sociedade, fica para nós a difícil missão de fazer (na medida em que conseguimos) o outro acreditar também. A partir das questões podemos chegar de preferência (e por que não) a mais indagações ainda. Mais dicas, inquietações e problematizações de uma professora também perdida aparecerão por aqui! Espero você.
O texto acima foi inspirado na fala produzida para a Roda de Conversa: O papel do historiador na construção do conhecimento básico, apresentada no evento “III Encontro Nacional de História, Trabalho, Cultura e Poder: Ofícios da história: reflexões sobre pesquisa, ensino e extensão”. Disponível para assistir em: https://www.youtube.com/watch?v=-XMFuK7uf4M&t=3193s
Publicado dia 27 de março de 2025
Por Daniela Melo Rodrigues
Comments